Séries (Des)conhecidas: “A Verdade do Café” e suas Variantes


Hoje partilho um conjunto de 16 séries e variantes não muito consensuais entre os colecionadores de pacotes de açúcar.

Trata-se de pacotes de açúcar, por muitos denominados “Comerciais”, publicitando a marca Delta Cafés e os seus Lotes Ouro e Platina, sob o mote “A Verdade do Café”, que terão circulado algures entre os anos de 1990 e 1995, sensivelmente.

A série principal (e suas variantes) é composta por 5 pacotes de açúcar, todas com o mote “A Verdade do Café”, dos quais 3 deles apresentam o grafismo de uma chávena de café fumegante que, de imagem para imagem, parece “querer” desaparecer dos limites da embalagem e, nos outros 2 pacotes de açúcar, já não surge a imagem da chávena, mas apenas o fumo que dela sai, um com a indicação “Lote ouro” e o outro “Lote platina”. As variantes desta série apresentam, como elemento diferenciador, a empresa impressora do papel das embalagens (séries 1 a 5 das tabelas que partilho).

Depois, a série “A Verdade do Café II” difere das anteriores na indicação do peso do açúcar embalado, bem como nas dimensões dos pacotes de açúcar (mais reduzidas). Desta série apenas são conhecidas três das imagens que atrás referi (série 6 das tabelas).

A série e suas variantes, que nomeei “A Verdade do Café III”, diverge da série anterior na alteração do nome dos lotes, passando a designar-se “Delta ouro” e “Delta platina”. As variantes desta série também apresentam, como elemento diferenciador, a empresa impressora. Também desta série são apenas conhecidas as mesmas três imagens da anterior (séries 7 a 9 das tabelas).

Passando à série “A Verdade do Café IV” e suas variantes, mudam as dimensões e a indicação do peso dos pacotes de açúcar, bem como a referência a qualquer um dos lotes, sendo estes substituídos por um pacote de açúcar apenas com o fumo da chávena “desaparecida”. As variantes desta série apresentam, como elementos diferenciadores, para além do impressor, duas variações nos números de telefone da fábrica de Campo Maior. Destas variantes apenas são conhecidas duas das imagens (séries 10 a 13 das tabelas).

Por sua vez, a série “A Verdade do Café V” e sua variante, apresenta alteração na indicação do peso e diferenciam-se pela alteração dos números de telefone da fábrica de Campo Maior. As imagens conhecidas também são apenas duas (séries 14 e 15 das tabelas).

Por último, na série “A Verdade do Café VI” dá-se novamente uma alteração das dimensões dos pacotes de açúcar (igual ao tamanho da primeira série), sendo, nesta, conhecidas as 4 imagens diferentes (série 16 das tabelas).

Chegados aqui, a confusão já deve ser muita, mas as tabelas e as próprias pagelas que partilho serão, assim o espero, esclarecedoras.

Mas por que razão estas séries não são consensuais entre os colecionadores?

Pois bem, esta “confusão” de variações de elementos diferenciadores será uma delas, bem como o facto de não serem conhecidas todas as imagens para cada uma das variantes. Sobre estes factos, apresento a minha teoria, corroborada por alguns outros colecionadores: as imagens que compõem a matriz dos clichés das frentes e dos versos, que serviram de base à impressão das embalagens, serão todas iguais. Assim, cada bobina com o papel impresso possuía a mesma imagem, resultando que apenas quando uma bobina acabava, se poderia alterar para outra bobina que tivesse outro padrão de imagem. Este aspeto é corroborado por imagens vídeos institucionais da Delta Cafés e pelo facto de, recorrendo à minha memória, ter a ideia de que a imagem destes pacotes de açúcar que chegavam a casa pelas mãos do meu pai, vindos do café lá do bairro, apenas era alterada de tempos a tempos.

Mas, se assim for, podemos considerá-las como séries?

Segundo a definição de “Série de Pacotes de Açúcar”, redigida em 2007 pelo grupo de trabalho ao qual pertenci e publicada na edição n.º 9 de “O Pacotim”, o boletim do CLUPAC – Clube Português de Colecionadores de Pacotes de Açúcar, são “duas ou mais Embalagens de Açúcar, produzidas intencionalmente para formar um conjunto, com unidade temática ou gráfica. (…)”.

Penso que relativamente à “unidade temática ou gráfica” não deve haver qualquer dúvida. Em relação à intenção de formarem um conjunto, tal como atrás descrito, é minha opinião que sim, pese embora o facto de, por eventuais vicissitudes no processo produtivo ou outro, não ter havido o cuidado de serem embalados os pacotes de açúcar com todas as possíveis combinações das imagens das frentes e versos.

Sejam séries ou individuais fica aqui a partilha deste conhecimento, aguardando pelos vossos comentários. Caso sejam possuidores dos pacotes de açúcar que desconheço a sua existência (identificados com um ponto de interrogação), agradecia que partilhassem essa informação.

Partilho a pagela em formato pdf, que poderão descarregar aqui.

Nota: Post publicado inicialmente a 22 setembro 2022 em https://www.facebook.com/pacoteca.acucar










Em que ano? “Boas Festas da Junta de Freguesia de S. João da Talha”

A propósito da época festiva que atravessamos, hoje publico imagens de um pacote de açúcar da primeira década do séc. XXI, anunciando o ano em que a Junta de Freguesia de S. João da Talha levou a cabo uma campanha de dinamização do comércio local, inserida nas festividades de Natal.

Esta iniciativa foi promovida pela Junta de Freguesia durante o período natalício do ano de 2004, no âmbito mais geral de promoção e apoio às atividades económicas sob o mote “Ao serviço de todos!”. Para além da distribuição de largas centenas deste pacote de açúcar e de sacos de plástico pelos estabelecimentos comerciais, foi igualmente realizado um concurso de montras, visando contribuir para a dinamização e requalificação do comércio local.

Antes mesmo da sua constituição como freguesia, vários documentos dos séculos XII referem-se a “São João da Talha” como povoação situada depois de Sacavém ou mesmo denominada “Sacavém Extra Muros”. A designação “Talha” só surge, pela primeira vez, em documentos já do séc. XIII. Reza a lenda que D. Afonso Henriques, deslocando-se para tomar Lisboa, aqui parou e rezou numa velha ermida então existente.

A freguesia de S. João da Talha foi criada em 1388, em resultado do desmembramento da freguesia de Sacavém por D. João I, atribuindo o reguengo de “Sacavém Extra Muros” a Nuno Álvares Pereira.

Pertenceu ao concelho dos Olivais, criado em 1852, onde permaneceu até à criação do concelho de Loures em 1886.

Depois, em 1896, esta freguesia foi anexa à vizinha Santa Iria de Azoia, permanecendo nela integrada, como simples lugar, até ter sido reconstituída como freguesia em 1939. Em virtude do seu elevado crescimento demográfico e económico, o sítio da Bobadela tornou-se uma freguesia autónoma em 1989, separando-se assim de São João da Talha. A povoação de São João da Talha veio a ser elevada à categoria de vila em 2003.

A Freguesia de São João da Talha foi extinta em 2013, tendo sido agregada às Freguesias de Santa Iria de Azoia e de Bobadela para criar a nova União das Freguesias de Santa Iria de Azoia, São João da Talha e Bobadela.

Votos de Boas Festas da pacoteca que, também ela, está “ao serviço de todos!”

«Dia do Selo» e a ambição da celebração do «Dia do Pacote de Açúcar»


Hoje, 1 de dezembro, feriado nacional, para além de se comemorar, em Portugal, o dia da Restauração da Independência Nacional, comemora-se também o Dia Mundial da Luta Contra a Sida. Menos notória é a celebração em Portugal, igualmente no dia de hoje, do Dia Nacional do Selo Postal Português ou, simplesmente, Dia do Selo (também designado Dia da Filatelia).

A ideia por trás da criação do Dia do Selo está relacionada, fundamentalmente, com a criação de um instrumento que celebrasse o colecionismo de selos postais e de material associado – a Filatelia – e promovesse a sua divulgação numa grande festa anual de todos os filatelistas. 

Foi no Congresso da Federação Internacional de Filatelia, realizado no Luxemburgo em 1936, que ficou decidido celebrar internacionalmente o Dia do Selo, no primeiro domingo posterior a 7 de janeiro de cada ano, em comemoração da data de nascimento de Heinrich von Stephan, fundador da União Postal Universal. No Congresso de Paris, em 1937, reconhecendo a impossibilidade de um dia fixo para todos os países, ficou deliberado que cada país escolheria a sua data.

Em Portugal, no primeiro Congresso da Federação Portuguesa de Filatelia, realizado em Lisboa a 1 de julho de 1954, discutiu-se o problema de fixar ou não uma data para o Dia do Selo português, tendo sido sugeridas as de 24 de março (festa do arcanjo S. Gabriel, patrono dos filatelistas católicos), 1 de julho (dia em que entraram em curso, em 1853, os primeiros selos portugueses) e 27 de outubro (data da assinatura, em 1852, do decreto que instituiu em Portugal a franquia prévia das correspondências por meios de estampilhas). O Congresso julgou, porém, preferível, que a Direção da Federação fixasse, para cada ano, a data da celebração do Dia do Selo, atendendo aos casos especiais que, anualmente, possam justificar essa celebração num dia determinado. Em 1955, a data foi celebrada a 17 de janeiro pelo centenário da entrada em circulação dos primeiros selos com a efígie de D. Pedro V. Em 1956, a 9 de junho pelo centenário da emissão D. Pedro V – cabelos anelados. De 1957 a 1981 celebrou-se a 1 de dezembro, data não relacionada com qualquer manifestação filatélica, mas feriado nacional. Em 1982, considerando-se que deveria haver uma relação com efeméride filatélica, passou a ser comemorado a 27 de outubro, data da assinatura do Decreto que estabeleceu a criação do Primeiro Selo Postal Português, passando para o sábado imediatamente anterior, quando a data não calhasse nesse fim de semana.

Com algumas exceções, terá sido já por volta do ano 2000 (os filatélicos amigos que possam avançar com o ano pois não encontrei essa informação) que a efeméride passou novamente para o dia 1 de dezembro. 

Este dia é celebrado pelos filatelistas com a realização de congressos e mostras filatélicas temáticas, organizadas pelos diversos clubes e agremiações espalhados um pouco por todo o país e com os apoios da Federação Portuguesa de Filatelia e dos CTT – Correios de Portugal. É ocasião também para a atribuição de Prémios de Mérito Filatélico a filatelistas e publicações filatélicas que se destacaram nesse ano.

E no colecionismo de pacotes de açúcar – Periglicofilia –, faria sentido a celebração do Dia do Pacote de Açúcar? E que possíveis datas poderiam ser elegíveis para comemorar este dia?

Uma das grandes dificuldades na periglicofilia é a datação exata do lançamento dos pacotes de açúcar devido às diversas fontes da sua origem (embaladoras, marcas de café, …), não existindo, portanto, uma entidade única que defina uma data para o início da sua distribuição, como existe com os CTT, no caso da filatelia. No entanto, hoje em dia, já existem, a nível nacional, diversas formas de obter informação sobre as novidades de pacotes de açúcar que vão saindo mensalmente no mercado, como sejam o portal «Pacotada» do Carlos Brás, do blogue «Açúcar com Açúcar» do Víctor Alvura, ou algumas comunidades de grupos privados, fruto da troca de informação entre colecionadores. Quanto aos pacotes de açúcar mais antigos é sempre mais difícil datá-los, podendo, no entanto, apontar-se um período/década para a sua possível circulação, com base em alguns elementos caraterísticos da embalagem de açúcar.

Os primeiros pacotes de açúcar conhecidos, de uso individual, serão oriundos dos Estados Unidos da América e datam de finais do séc. XIX. Ligeiramente mais tarde, já dos primeiros anos de 1900, será a primeira embalagem conhecida com origem na Europa, mais precisamente de França. Em Portugal, sem estudos conhecidos, aponta-se para que as primeiras embalagens de açúcar sejam do período de 1940/1950. A criação de uma embalagem de uso individual que melhor preservasse as caraterísticas do açúcar e que proporcionasse um nível de higiene, com padrões mais elevados, aos seus utilizadores, estarão seguramente na sua origem. Até então, o açúcar era servido nos cafés, restaurantes e hotéis, em pequenos açucareiros de metal ou loiça.

Estará claro, portanto, que a definição de uma data única para um hipotético “Dia do Pacote de Açúcar”, a nível mundial ou mesmo europeu, estaria longe de ser consensual. No entanto, a nível nacional, atrevo-me a lançar/relembrar algumas das datas mais marcantes para os colecionadores de pacotes de açúcar e que estão intimamente ligadas à história do CLUPAC – Clube Português de Colecionadores de Pacotes de Açúcar: 15 de setembro de 2001 (primeiro encontro que reuniu 11 simbólicos colecionadores e que esteve na génese da futura criação do Clube), 13 de julho de 2002 (segundo encontro de colecionadores – denominado PortSugar –, este já de nível internacional, e o grande responsável pelos primeiros contactos presenciais entre dezenas de colecionadores), 20 de setembro de 2002 (realização de escritura pública de constituição oficial do CLUPAC) e 26 de outubro de 2002 (realização da primeira Assembleia Geral do Clube, onde se procedeu à eleição e tomada de posse dos primeiros Órgãos Sociais).

Fica assim espelhada a minha ambição de, um dia, poder vir a ser celebrado o “Dia do Pacote de Açúcar”, com a realização de exposições temáticas e onde facilmente se poderia explanar as facetas instrutivas, recreativas, repousantes e, por vezes, lucrativas, do simples facto de se colecionarem pacotes de açúcar.

Para ilustrar estes meus “devaneios”, como curiosidade de um “casamento” perfeito entre os dois tipos de colecionismo – periglicofilia e filatelia –, partilho a imagem 1 (no topo desta mensagem) que me terá chegado, no ano de 2006, por email através de algum grupo privado (se algum leitor tiver alguma informação sobre o mesmo, partilhe-a por favor), onde um pacote de açúcar (presume-se ainda cheio) serviu de envelope selado (!) e iniciado o seu percurso até ao destinatário. Trata-se da imagem de um pacote de açúcar (apenas o verso) da Buondi Caffè, marca criada, em 1986, pela Montarroio Sociedade Comercial de Cafés Lda, na altura uma empresa detida pela RAR – Refinarias de Açúcar Reunidas S.A. (em 1993 foi adquirida pela Nestlé). O pacote de açúcar, no qual foi colado um selo de 65$00 (emitido em 1992 e retirado de circulação em 1999), terá sido enviado, por correio, para uma morada na Alemanha, chegando a receber carimbo do posto de correios de Arruda dos Vinhos (data impercetível no ano que deverá ser 1992 ou 1993, pelo atrás exposto) mas que acabou por ir parar ao Refugo Postal (carimbos “REFUGO”), destino de toda a correspondência que não foi possível entregar ao destinatário nem devolver ao remetente. Na imagem seguinte, apresenta-se frente e verso de um pacote de açúcar original semelhante.


Desejo a todos uma boa comemoração deste dia feriado, de preferência com muito boas coleções, sejam elas de que objetos forem!

Fonte: 

"O primeiro «Dia do Selo» português", 17 de janeiro de 1955, Centenário do primeiro selo de D. Pedro V, Federação Portuguesa de Filatelia; 

Nota: Post publicado inicialmente a 1 dezembro 2022 em https://www.facebook.com/pacoteca.acucar


Buondi Art Collection, Uma Homenagem à Arte do Século XX


Por vezes a mensagem que se pretende transmitir num pacote de açúcar (ou mesmo numa série) não é facilmente percecionada por um qualquer consumidor fortuito à mesa de um café ou esplanada, nem mesmo pelo colecionador mais atento daqueles objetos de coleção.

Essa mensagem que uma determinada marca de café ou empresa embaladora pretende transmitir ao público pode ser materializada numa frase, palavra ou sigla que não seja de imediato entendida pelo seu leitor. Por outro lado, embora a expressão popular nos diga que “uma imagem vale mais que mil palavras”, é certo que, também uma imagem sem contexto, poderá revelar-se um enigma aos nossos olhos.

Daí que a investigação e a procura por informações que conduziram à produção daquele ou daqueles pacotes de açúcar, bem como da mensagem que se pretende veicular, deverão ser os passos a seguir por qualquer colecionador que pretenda valorizar (e não estou a falar do valor monetário) a sua coleção. A alternativa será arquivar este(s) pacote(s) de açúcar, junto(s) com outros tantos, a engrossar mais um dossier da coleção na nossa estante ou armário…

Vem este preâmbulo a propósito de uma série de 6 pacotes de açúcar, em formato stick, com imagens de pinturas mais ou menos abstratas, lançada pela Buondi Caffè no ano 2000 que, à falta de mais informação (o acesso à internet, naquela altura, para muitos de nós, ainda era uma novidade), foi batizada apenas com o nome “Buondi - Pinturas”, designação que perdura até aos dias de hoje (ver pacotada S.2000.01).

No entanto, numa consulta, por essa mesma altura, ao site da Buondi teríamos a informação da produção de uma coleção de 6 chávenas com a recriação de obras de alguns pintores internacionais, à qual designou “Buondi Art Collection”. Embora nada era dito sobre a nossa coleção, as imagens eram as mesmas dos pacotes de açúcar, com a vantagem de se apresentarem totalmente visíveis, ao contrário das que podíamos observar nos nossos sticks, devido às caraterísticas do seu formato.

Para além disto, ficaríamos a saber que, com a produção da coleção de chávenas (eu acrescento a dos pacotes de açúcar), a Buondi quis prestar homenagem, na entrada do novo milénio, à arte do século XX através da recriação de obras de alguns dos nomes mais marcantes da pintura. Uma homenagem muito especial aos grandes pintores que contribuíram para o enriquecimento da cultura nos nossos tempos, como Van Gogh, Picasso, Léger, Chagall, Matisse e Miró, cujas ideias se perpetuaram no tempo em obras que hoje admiramos.


Infelizmente esta informação, atualmente, já não consta do site institucional daquela marca, prevalecendo, no entanto, uns prints do écran (em boa hora o fiz, e agora recuperei perdidos no meu computador), que serviram de mote para a realização da pagela que elaborei e partilho de seguida.

Outra informação relevante para a caraterização desta série de pacotes de açúcar, e que normalmente não está acessível ao grande público, é a empresa responsável pela elaboração das imagens gráficas, a NOVODESIGN, pelas mãos da designer do projeto, Sofia Oliveira, e ao qual denominou “Buondi Art Collection 98”.

Partilho a pagela em formato pdf, que poderão descarregar aqui.

Fontes: 

Buondi Caffe, https://www.buondicaffe.com consultado em 21 outubro 2004; 

Biografias, https://www.ebiografia.com

Nota: Post publicado inicialmente a 12 setembro 2022 em https://www.facebook.com/pacoteca.acucar

DETA, Primeira Companhia Aérea de Bandeira Portuguesa com Pacotes de Açúcar

 

A Divisão de Exploração dos Transportes Aéreos (DETA) foi fundada a 26 de agosto de 1936, para assegurar as ligações internas em Moçambique e com os territórios vizinhos. Como curiosidade, esta companhia funcionava como uma divisão da administração da Direção dos Serviços de Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique (CFM).

À data, sendo Moçambique um território português, a DETA foi a 3ª companhia aérea a operar sob domínio da bandeira de Portugal (depois da SAP - Serviços Aéreos Portugueses e da Aéro Portuguesa) e a 2ª companhia aérea mais antiga a operar em África (a seguir à SAA - South African Airways).

A DETA, que inicialmente era mais vocacionada para transporte de carga e correio, transportou no seu DH Dragonfly CR-AAB o primeiro passageiro a 8 de agosto de 1937. Nesse voo o piloto Manuel Maria da Rocha transporta o Encarregado de Negócios em Pretória, de Lourenço Marques (atual Maputo) a Luanda, na primeira ligação entre as capitais das duas grandes colónias africanas por um avião comercial português.

A 22 de dezembro de 1937, mais uma vez, através do seu piloto Manuel Maria da Rocha e aos comandos do DH Dragon Rapide CR-AAD, a companhia inaugura as carreiras regulares internacionais, com um voo entre Lourenço Marques, mais precisamente do campo militar da Carreira de Tiro na Polana (única pista existente até então na capital moçambicana) e Germiston (aeródromo que servia, à época, a cidade sul-africana de Joanesburgo).


Os voos internos regulares tiveram apenas o seu início a 11 de abril de 1938, ligando Lourenço Marques, a partir da recentemente inaugurada pista de Mavalane, a Quelimane, com escalas intermédias em Inhambane e Beira. Aterravam ainda os aviões em Vila João Belo e Mambone sempre que fosse solicitado por passageiros com destino a estas localidades. A 11 de outubro estendeu-se este serviço a Porto Amélia com paragem no Lumbo, começando os aviões a escalar obrigatoriamente Vila João Belo, estabelecendo assim a que ficou conhecida como a “Carreira da Costa”.

Em 1940 a companhia sofre o primeiro revés na sua operação, quando foram suspensos todos os seus voos para Joanesburgo em consequência do estado de guerra entretanto decretado na vizinha África do Sul. Ficava assim a DETA limitada a voos domésticos pela primeira vez na sua curta história.

Neste interregno foi em setembro de 1940 iniciada uma carreira aérea para Tete com frequência semanal, escalando na ida Inhambane e Beira e no regresso Quelimane, Beira e Inhambane.

No período da segunda grande guerra a companhia enfrentou igualmente graves constrangimentos na obtenção de combustível e peças para os seus aviões.

A 23 de fevereiro de 1944, uma verdadeira tragédia atingiu a companhia quando o Lockeed Super Electra (CR-AAV “Limpopo”) se despenhou 6 minutos após a descolagem da pista de Quelimane, morrendo o comandante, o mecânico, o comissário de bordo e todos os seus 6 ocupantes.

Em fevereiro de 1946, a DETA, torna-se membro de pleno direito da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA).

Em 1951 são iniciadas as carreiras para Durban (África do Sul) e Salisbúria (Zimbábue), além de outros pontos no interior de Moçambique.

Em julho de 1962 dá-se o grande salto qualitativo na empresa, quando esta recebe o primeiro de um lote de três Fokker F27 - 200 Friendship, encomendados em 1961. Era o começo da era do turbo propulsor na DETA.

Em outubro de 1968 encomendou a DETA o seu primeiro equipamento a jato puro, dois Boeing 737-200 que foram recebidos nos finais de 1970, tendo iniciado a sua operação comercial em fevereiro de 1971.

Foi assim a primeira companhia aérea portuguesa a operar o bi-reactor de médio curso da Boeing.

As maiores exigências das aeronaves e da evolução dos próprios serviços levaram, ao longo dos anos, à ampliação da superfície ocupada pelo Aeroporto de Lourenço Marques e à execução de obras e instalações compatíveis com um aeródromo internacional.

Em 17 de junho de 1963 é então inaugurado o novo aeroporto, rebatizado Gago Coutinho, em comemoração da chegada ao Rio de Janeiro do avião em que Gago Coutinho e Sacadura Cabral completaram a primeira travessia do Atlântico Sul, as instalações da antiga aerogare, passaram a albergar a Sede da DETA, após ampliado, mantendo-se com a atual traça arquitetónica.

No início da década de 1970 alterou a designação para DETA – Linhas Aéreas de Moçambique.

Chegamos assim a 1975, ano em que Moçambique se tornou independente, e um ano depois surgem os primeiros voos intercontinentais com aviões Boeing 707 e Douglas DC-8, realizando rotas que seguiam de Maputo a Lisboa, passando por Beira, segunda maior cidade de Moçambique, e Accra, capital e maior cidade do Gana.

Nos anos seguintes a DETA sofre profundas alterações que passaram pelo seu estatuto e mudança de designação a 14 de maio de 1980 para LAM – Linhas Aéreas de Moçambique.

Partilho a pagela com os pacotes de açúcar que conheço desta Companhia Aérea, que poderá assim ser a primeira companhia aérea de bandeira portuguesa a ter pacotes de açúcar. Descarrega a pagela em formato pdf aqui.

Fontes: 

- “DETA - Os primeiros passos de uma grande companhia”, Revista MAIS ALTO, Set/Out 07;

- “DETA - Divisão de Exploração de Transportes Aéreos de Moçambique - 1ª Parte”, Revista TAKE-OFF, Jul 2012.

Nota: Post revisto a atualizado de um publicado inicialmente a 24 maio 2022 em https://www.facebook.com/pacoteca.acucar

“Fábricas Triunfo, a Maior Organização Industrial do Centro do País”

A empresa “Fábricas Triunfo” teve origem na Sociedade de Mercearias Lda, fundada em 1913, na Rua dos Oleiros, em Coimbra, pelas mãos de um grupo de empresários desta cidade liderados por Mário Pais e Adriano Viegas da Cunha Lucas. Um projeto que viria a ser um dos motores de toda a região de Coimbra e que iria criar aquela que ainda é hoje uma grande referência de bolachas em Portugal.

As instalações fabris localizavam-se junto à linha de caminho de ferro, na margem direita de rio Mondego, numa base industrial ainda muito ligada à produção e ao comércio tradicional e local e à venda de produtos de mercearia e produção de farinha, azeite, vinagre e aguardente. Numa mudança de escritura em 1922, passa a designar-se Sociedade de Mercearias e Farinhas Lda, onde já se vendia farinhas e sêmeas de trigo, para além da sua vertente de mercearia. Ainda no mesmo ano, volta a mudar de nome para Sociedade de Mercearias e Fabril Lda, um passo que a inseriu na indústria da moagem e panificação, e na produção de massas alimentícias e bolachas, permitindo um grande crescimento da fábrica e aumento de produção. Em 1923 dispunha já de filiais em Lisboa e no Porto e nos anos 30, a empresa adquiria unidades moageiras em outras localidades, nomeadamente em Castelo Branco e Setúbal.

Por fim, alcança o nome tão conhecido, Fábricas Triunfo Lda, a 20 de abril de 1932, apresentando-se como um dos edifícios industriais mais notáveis da baixa da cidade, sendo composta por 5 corpos, com 3 funções diferentes: a moagem, a produção de massas e a produção de bolachas e biscoitos (figura 1).

A 8 de dezembro de 1938, a fábrica sofreu um grande incêndio que afetou a maior parte das instalações, apenas se salvando a parte da moagem, situada nas traseiras do edifício. No entanto, logo após o ocorrido, em 1939, foi iniciada a construção de uma nova fábrica no mesmo terreno, segundo um projeto do arquiteto A. Machado da D.G.E.N. e construção de A. Maia. O novo edifício, finalizado em 1940, tinha uma estrutura de betão armado e ferro, uma forma de defesa para evitar eventuais posteriores incêndios (figura 2).

Os anos 40 trouxeram grandes progressos no processo de produção, com a implementação de rigorosos controlos de qualidade e um laboratório de análises e testes na própria fábrica. Nesta altura a empresa empregava cerca de 500 trabalhadores, destacando-se pela sensibilidade e ação social e higiénica para com os seus operários.

Após este período e a aprovação do plano de urbanização de Étienne de Gröer para a cidade de Coimbra nos anos 40, a fábrica viu-se obrigada a transferir as suas atividades para a “Zona Industrial da Pedrulha” na década de 50, levando ao abandono progressivo da fábrica na baixa. A unidade de fabricação de massas, na Rua dos Oleiros, que funcionou ainda como sede da empresa, encerrou na década de 80 e em 2004 estas instalações foram demolidas.

Em 1949 deu-se então início à construção da nova Fábrica Triunfo Bolachas, cujo corpo principal apenas seria finalizado em 1953, e que se localizava na Rua Manuel Madeira, antiga Estrada Nacional nº1, Freguesia de Eiras, Zona Industrial da Pedrulha, em Coimbra.

Esta fábrica era constituída por um edifício central de caráter industrial e destinava-se à fabricação dos produtos. A fachada principal era dotada de uma torre e um grande painel de azulejos que decorava todo o conjunto. Este painel azulejar, em formato circular, do artista A. Ramos, possui a inscrição “Fábrica Triunfo - Porto - Coimbra - Lisboa” que emoldura uma imagem, de linguagem renascentista, de um cavaleiro triunfante no seu cavalo alado, inspirada na obra “Le Triomphe de l’Art” de Léon Bonnat (figura 3).

O volume junto à antiga Estrada Nacional destinava-se à receção, a salões de festa, gabinetes e ao embalamento final. Os armazéns de matéria-prima encontravam-se no corpo posterior das instalações. Foram construídos dois pequenos edifícios adjacentes ao edifício central, um deles destinava-se à central "diesel", elétrica e geradora de vapor e outro era dedicado à central geradora de gás pobre. Outro edifício foi também erguido a sul das instalações principais, destinado a serviços sociais, a um refeitório e ainda a uma garagem. A norte foram ainda construídos armazéns de descasque de arroz e ainda um infantário.

Um elemento publicitário, de 1961 – com um desenho das novas instalações da unidade de massas e bolachas da Pedrulha refere as Fábricas Triunfo como “a maior organização industrial do centro do País” (figura 4). Presente em Coimbra, e com delegações em Lisboa, Porto, Abrantes e Faro possuía, então, duas moagens e produzia massas alimentícias, bolachas, arroz, drops e rebuçados.

A implantação da unidade fabril Triunfo Bolachas em 1949, a par com a grande procura dos produtos ali produzidos e o crescimento económico da empresa, despoletou a atração de novos ramos industriais. Neste contexto surge uma nova fábrica da mesma sociedade e do mesmo setor industrial, mas de um ramo diferente que se destinava à produção de alimentos compostos para animais, vulgo rações (figura 6).


A fábrica Triunfo Rações acabou por instalar-se num terreno de geometria triangular, muito próximo do local onde já estava implantada a Fábrica de Bolachas da mesma sociedade. No entanto, estas instalações fabris tinham a vantagem de usufruir diretamente da linha de caminho-de-ferro, através de um ramal particular para o transporte da matéria-prima, o trigo, que era armazenado nos silos de cereais, localizados junto à linha. A construção desta fábrica, que se iniciou pelos silos em 1956, foi sendo alvo de sucessivas ampliações, ao longo das décadas de 60 e 70. Para além dos silos, a fábrica era composta por um imponente bloco industrial vertical, destinado à moagem, e por dois armazéns (figura 5).

Com a década de 50 a marcar um período de grande expansão, a Triunfo oferecia aos consumidores portugueses, já naquela altura, mais de 25 variedades de bolachas diferentes, entre as quais a Maria, Torrada ou Wafers.

Em 1974, as Fábricas Triunfo abrem a sua primeira fábrica em Lisboa, em Carnaxide, dedicada à produção de bolachas e massas, numa fase em que se consolidava o mercado interno e o objetivo era internacionalizar a marca.

As Fábricas Triunfo de Coimbra e Lisboa integravam, assim, a produção de bolachas, massas alimentícias, descasque de arroz e rações para animais, chegando a empregar, na década de 70, mais de um milhar de trabalhadores. Até esta mesma década as bolachas eram vendidas maioritariamente a peso nas mercearias, que as adquiriam em latas de 1,5 kg a 3 kg e que ostentavam belos e atrativos desenhos publicitários (figura 7).

A marca Triunfo foi, aliás, a primeira marca de bolachas a aparecer na televisão portuguesa. Esta presença histórica, nos principais meios de comunicação e outdoors, levou a marca a beneficiar de uma relação de grande proximidade com os consumidores (figuras 8 e 9).

A empresa viria a ser adquirida em 1994 pela Nutrinveste, holding do Grupo Mello, que passou também a deter as marcas Nacional e Proalimentar, ficando por isso responsável pela gestão de 90% da produção nacional de bolachas (figura 10). Por decisão do novo dono, a Fábrica Triunfo Bolachas de Coimbra, que empregava nesta altura 180 funcionários, encerrou a 30 de março de 2001, sendo a sua produção transferida para as instalações de Sintra, de Mem Martins (ex-Nacional).

Atualmente o cenário é de degradação e abandono total de uma unidade fabril que outrora empregava um número significativo de funcionários e partilhava o seu agradável odor com toda a área envolvente da Pedrulha.

Também a Fábrica de Rações caiu no abandono após uma última vistoria realizada em 1999 com parecer negativo, levando ao seu encerramento.

Neste contexto, a Triunfo, como líder destacada de mercado em bolachas, é identificada como a marca prioritária dentro do portfolio da Nutrinveste quer em termos de apoio publicitário, quer em termos de inovação. No final de 1999, a Triunfo lança um dos produtos mais bem sucedidos no mercado de bolachas em Portugal, as Chipmix. Uma inovação em toda a linha, quer em termos de produto e embalagem, quer em termos de comunicação – altamente irreverente para um público mais jovem.

Em 2004, a Triunfo passa a integrar o portfolio da multinacional United Biscuits, uma das principais empresas europeias no setor da alimentação, e a marca toma um novo rumo estratégico, focando-se nos segmentos Nutrição, Saúde e Tradição (figura 11). A Triunfo absorve a marca Proalimentar e lança mais dois grandes sucessos: Triunfo Digestive e Triunfo Mini Diver.


Dois anos mais tarde, em 2006, a multinacional norte-americana Kraft Foods adquire o negócio de bolachas à United Biscuits, incluindo a unidade fabril de Mem Martins e as marcas portuguesas Triunfo e Proalimentar (figura 12). O ramo português desta multinacional passa então a designar-se “Kraft Foods Portugal Ibéria – Produtos Alimentares, Unipessoal, Lda”. Nesta fase, a Triunfo reforça a sua presença no segmento Tradicional, lançando desde então vários produtos inovadores, como por exemplo, em 2011, os Mini Clássicos, um novo conceito que oferece ao consumidor as bolachas tradicionais de sempre num formato mini e numa embalagem “saco”, ideais para partilhar em família. Em 2013 a área de negócios da Kraft Foods dedicada aos snacks mudou de nome e de acionistas, passando a designar-se Mondelez International (figura 13).

Ainda em 2013, a Triunfo celebrou o seu centésimo aniversário como uma das grandes marcas portuguesas, produzindo bolachas não só para o mercado português, mas também para países onde existem emigrantes portugueses, como França ou Luxemburgo, e para as ex-colónias portuguesas, principalmente Angola (figura 14).

Em finais de 2015, a multinacional Mondelez, alegando a baixa utilização da capacidade de produção da fábrica em Mem Martins, que emprega nesta altura 92 trabalhadores, comunica a decisão do seu encerramento, com vista à deslocalização da produção para a sua nova fábrica em Opava, na República Checa.

No entanto, em março de 2016, a empresa Cerealto chegou a acordo com a Mondelez International para manter a atividade industrial na fábrica de bolachas de Mem Martins (figura 15). Este acordo contemplou a manutenção dos postos de trabalho desta unidade, assim como a venda, à Cerealto, da maquinaria e das linhas de produção de que a Mondelez International era proprietária. A operação não incluiu a venda de nenhuma das marcas da Mondelez, contudo, este contrato, previa que a Cerealto fabricasse alguns produtos para a Mondelez.

A compra da fábrica de Mem Martins foi ao encontro da estratégia de expansão internacional da Cerealto – que é a sua segunda fábrica em Portugal, após a aquisição, em 2013, à Danone, da instalação de alimentação infantil Nutriceal Foods, localizada em Benavente, Santarém.

A Cerealto é uma empresa de alimentação com uma história de mais de 25 anos de fabrico de produtos com base cereal em diversas categorias: bolachas, cereais de pequeno-almoço, alimentação infantil, pão, pastelaria, massa ou produtos sem glúten. Apoiada por mais de 14 fábricas em Espanha e um centro de referência de R&D na Europa, a Cerealto conta com centros de operação em Portugal, Itália, Reino Unido, México e nos Estados Unidos e tem clientes em mais 40 países.

Ao longo da sua já centenária história, a marca Triunfo foi sendo alvo de diversas modificações do desenho do seu logótipo, tornando-o mais moderno e apelativo. Em resultado da consulta de alguns itens publicitários da marca, apresenta-se na figura 16 uma evolução desses logótipos até aos dias de hoje.


A propósito do primeiro pacote de açúcar mostrado na pagela apresentada nas imagens, onde se refere “bolachas Triunfo, uma preferência portuguesa”, provavelmente da década de 60/70, deixo aqui também uma curiosa publicidade dada Triunfo, publicada na Gazeta de Coimbra em dezembro de 1938, muito ao estilo do Estado Novo.


Convido ainda a verem o seguinte vídeo, onde se relatam os primeiros 100 anos da história da marca Triunfo:

Partilho a pagela em formato pdf, que poderão descarregar aqui.

Fontes: 

- “Arquitetura Industrial em Coimbra no século XX - A Zona Industrial da Pedrulha”, Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitetura.; 

- “Fábrica Triunfo Rações - Reconversão de um Espaço Industrial”, Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitetura; “Fábricas Triunfo”, Restos de Coleção em  https://restosdecoleccao.blogspot.com/2011/02/fabricas-triunfo.html


Nota: Post revisto a atualizado de um publicado inicialmente a 24 maio 2022 em https://www.facebook.com/pacoteca.acucar

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