Cavalo do Grupo Monteiro Ribas é Símbolo em Pacotes de Açúcar

O Grupo MONTEIRO, RIBAS - Indústrias S.A. nasceu da antiga “Companhia Portugueza de Cortumes”, fundada em 1917 e adquirida em 1937, à data em liquidação, por dois sócios, Manuel Alves Monteiro e António de Bessa Ribas. 

Manuel Alves Monteiro (esquerda) e António da Bessa Ribas (direita),
sócios fundadores da empresa origem do Grupo Monteiro Ribas.

A sociedade por quotas, constituída em 15 de setembro de 1937, denominada Fábrica Portuguesa de Curtumes de Monteiro, Bessa Ribas & Cia Lda, estabelece aí a sua sede, no local que ainda hoje ocupa, na Estrada Exterior da Circunvalação, ao Amial (Porto).

Instalações da primitiva “Companhia Portugueza de Cortumes”

Em 9 de maio de 1940, altera-se a denominação da Fábrica Portuguesa de Curtumes de Monteiro, Bessa Ribas & Cia Lda, para Monteiro, Bessa Ribas & Cia Lda que, 8 anos depois, seria vendida à Fábrica Portuense de Curtumes Lda, detida então pelos mesmos sócios.

Com o início da sua atividade, torna-se rapidamente, na década de 50, numa empresa líder do setor industrial dos curtumes, no mercado nacional.

Na década de 60, já sob a liderança de Josué Monteiro e Duval Mena, a empresa alargou horizontes, aumentando a gama de produtos provenientes do seu principal mercado, a indústria do calçado. Logo em 1960 inicia a produção de placas de borracha para solados, tendo sido criada a denominada Unidade C para identificar a fábrica de Curtumes e Unidade K para a Borracha (“Kautchu”).

A 27 de setembro de 1962 é alterada a denominação da Fábrica Portuense de Curtumes Lda, transformando-se em Monteiro, Ribas – Fábrica Portuense de Curtumes S.A.R.L.

Tendo a preocupação com os impactos ambientais vindo a aumentar ao longo dos anos, e com o avanço tecnológico a permitir a obtenção de alternativas ao couro a menor custo, a importância dos curtumes foi perdendo valor. Apostando na expansão do seu mercado, em 1966, a Monteiro Ribas inicia o fabrico de Couro Artificial, criando a Unidade J, destinado ao mercado de marroquinaria, vestuário, estofos entre outros.

Quase simultaneamente ao início desta atividade, mais precisamente em 1967, a empresa, face à necessidade interna de dispor de embalagens em polietileno para couros, instalou uma unidade industrial destinada ao fabrico de Plásticos (Unidade P).

Em 1972, quando empregava cerca de 700 pessoas e ocupava 42000 m2, dá-se nova alteração de denominação da empresa para Monteiro, Ribas – Indústrias S.A.R.L., bem como a criação do seu primeiro logótipo com a figura de um cavalo galopante, muito provavelmente como referência às origens desta fábrica.

Primeiro logótipo da Monteiro, Ribas - Insdústrias S.A.R.L., anos 1970

Em 1973 é adquirida a empresa Flexocol – Fábrica de Artefactos de Borracha, Lda, sediada em Leça do Balio, que se dedicava ao fabrico de peças de borracha com metal.

No ano de 1977 a Unidade K inicia o fabrico de peças técnicas de borracha por injeção, inicialmente destinadas à construção civil, mercado progressivamente substituído pela indústria automóvel e de eletrodomésticos.

Instalações da Monteiro, Ribas - Indústrias S.A.R.L., anos 1970/80

Em 1992 é adquirido um sistema de Cogeração (Unidade E) de energia passando a Monteiro, Ribas a produzir energia elétrica, que fornece à rede, e térmica. A cogeração adquire o nome de Monteiro, Ribas – Produção e Distribuição de Energia (PDE).

Em 1993, na Unidade C das instalações do Porto, apenas já é só feito o tratamento de peles, pois tinha sido inaugurada uma fábrica de curtumes nova em Alcanena, e estabelecida uma participação numa fábrica na China.

Neste mesmo ano de 1993 foi feito o registo do novo logótipo da empresa, mantendo-se nele a figura de um cavalo negro, agora empinado sobre as patas traseiras.

Logótipo da Monteiro, Ribas desde 1993

Depois, em 1996, dá-se a separação da Unidade K, criando-se a CTB – Componentes Técnicos em Borracha, Lda, ficando esta responsável pela produção de componentes técnicos em borracha pelos processos de compressão, transferência e injeção, destinados aos setores automóvel e eletrodomésticos. Já a Unidade K – Monteiro, Ribas – Indústrias, S.A. fica com a produção de placas de borracha para solas, destinadas à indústria do calçado e ao mercado de reparação de calçado.

Em 2003 o Grupo adquire a empresa Wood Milne que se dedica à comercialização de placas de borracha para a indústria da reparação de calçado.

A partir da segunda metade dos anos 1990 iniciou-se um fenómeno de deslocalização das grande fábricas de calçado, levantando bastantes dificuldades à empresa que, aliadas aos altos custos fixos de produção de um artigo tão delicado e tratado, como o é a pele ou couro do animal, levaram o Grupo, em 2004, a encerrar a unidade de acabamentos no Porto (Unidade C) e em 2010 a vender a unidade localizada em Alcanena.

Em 2008 a Unidade J separa-se juridicamente da Monteiro, Ribas – Indústrias, S.A., alterando a sua denominação para Monteiro, Ribas – Revestimentos, Lda.

Planta das instalações indutriais da Monteiro Ribas no Porto

A unidade de fabrico de Plásticos (Unidade P), tendo iniciado a sua produção com a extrusão de polietileno, a impressão em flexografia e confeção de sacos, progrediu para a impressão em rotogravura de filmes de celofane e, posteriormente, de polipropileno para a indústria alimentar, acrescentando mais tarde a complexagem de filmes (união de dois ou mais filmes) com adesivo, com solvente.

A partir dos anos 90, esta unidade reforça a sua posição no mercado de exportação, especializando-se progressivamente no mercado agroalimentar. Este alargamento da empresa aos mercados internacionais levou à necessidade de investir em diversas certificações. Assim, em 1999, esta unidade industrial obtém a certificação do Sistema de Gestão da Qualidade, segundo a NP EN ISO 9001, em 2008 obtém a certificação em Segurança Alimentar, pela norma NP EN ISO 22000, seguida de certificação Global Standard for Packaging and Packaging Materials, obtida no ano seguinte.

Logótipo da Monteiro, Ribas - Embalagens Flexíveis

Entretanto, em 2005, altera a sua denominação para Monteiro, Ribas – Embalagens Flexíveis, S.A., conhecida também internamente pelas siglas MREF, tornando-se uma empresa juridicamente independente e tomando o papel de principal acionista.

Vista aérea das instalações da Monteiro, Ribas

Atualmente, os principais produtos desta unidade industrial são Embalagens Flexíveis com impressão de rotogravura e flexogravura e complexagem, com adesivo, com e sem solvente. Transforma ainda filmes lisos ou impressos, simples ou complexos, em bobinas ou sacos. Os materiais mais utilizados nas embalagens são o poliéster (PET), polietileno (PE), polipropileno (PP), poliamida (PA), o alumínio, papel, celofane e outros materiais mono e bi-orientados.

Algumas das entidades acionista maioritárias que controlam o Grupo Monteiro, Ribas – Indústrias, S.A. são ainda descendentes das famílias fundadoras da empresa, pertencendo atualmente à 4ª geração, pelo que a raiz familiar ainda está muito marcada na empresa. Pese embora o crescimento e emancipação cada vez mais acentuada de algumas das empresas do grupo em relação à empresa-mãe, a marca elementar “Monteiro, Ribas” tem permanecido como denominador comum de todas as suas “sub-empresas”. A empresa tem aproveitado assim o nome e sinal de tradição e prestígio da marca “Monteiro, Ribas”, dado o capital de força que esta foi acumulado ao longo das décadas da sua existência. O uso consistente do logótipo clássico da sua empresa-mãe (o cavalo sobre duas patas), tem sido uma parte essencial para construir uma forte imagem corporativa.

Instalações da Monteiro, Ribas - anos 1990

Entretanto, o grupo sente a necessidade de alargamento da sua gama de produtos para a indústria de embalagens de cartão, adquirindo, em 2016, a empresa Liderbox – Artes Gráficas, S.A. Esta empresa, criada em 1978 e sediada em Barcelos, centra a sua atividade na produção de embalagens em cartolina litografada e microcanelado, destinadas a diversas indústrias, nomeadamente, alimentar, têxtil, farmacêutica, higiene e cosmética, telecomunicações e outras.

Em 2018 dá-se início a uma mudança da imagem institucional do Grupo Monteiro, Ribas – Indústrias, S.A. através da criação de um novo logótipo mais moderno e atual. Contudo, fruto da sua forte marca no mercado nacional e internacional, foi mantida parte da figura de um cavalo e o nome do Grupo.

Seguiu-se a criação da marca Monteiro Packaging englobando as empresas Monteiro Ribas – Embalagens Flexíveis, S.A. e a Liderbox – Artes Gráficas, S.A. Sob esta marca são assim produzidas embalagens em filme ou em cartolina, essencialmente para o mercado europeu da indústria alimentar.


Para além da Monteiro Packaging, o grupo criou ainda mais três marcas nas restantes áreas da indústria em que opera: a Monteiro Fabrics na produção de couro artificial para aplicações em estofos, calçado e marroquinaria; a Monteiro Footwear na produção de placas de borracha para a indústria do calçado; e a Monteiro Elastomers na produção de peças técnicas em borracha por injeção destinadas, entre outras, à indústria automóvel e de eletrodomésticos.

Nota: Na pagela que partilho, que poderão descarregar aqui, representa-se o único pacote de açúcar que conheço, ostentado o símbolo do Grupo Monteiro Ribas, lançado no ano 2000 pela Beira Douro Cafés. Haverá outros?

Nota: Post publicado inicialmente a 8 outubro 2022 em https://www.facebook.com/pacoteca.acucar

Fontes: site do Grupo Monteiro Ribas: https://www.monteiroribas.com; Dissertação “Responsabilidade Ambiental no perímetro Industrial da Monteiro, Ribas - Indústrias, S.A., Ana Leal, Julho 2012; “Monteiro Ribas, O futuro mais cedo”, Reportagem, Rui Escaleira

Destaque